terça-feira, 28 de fevereiro de 2006

As serpentinas

Hoje faz 1 ano que o meu avô morreu. Acordei apreensiva, afinal, não sabia como ia ser o clima do dia, como estaria minha mãe, meu tio, se iríamos fazer algo em memória – o que eu acho merecido. Mas apesar do pai ter dito que fazia questão de ir à missa no fim do dia, fomos todos ao clube, nós 7. Sol, piscina, calorzinho, grama, todo mundo junto. Almoço no restaurante. Depois do almoço fiquei pensando em ir à missa com meu pai, afinal, meu avô era católico. Mas depois lembrei que ele mesmo não fazia questão de ir à missa, aliás, raras foram as vezes que vi meu avô numa Igreja. Deus pra ele estava nas ações, no cotidiano, no "dar a mão". E fiquei naquela dúvida de ir ou não ir. Queria fazer algo pela sua memória.
Mas o final da tarde chega e curtindo o ventinho, olhando as montanhas e vendo a família toda junta, percebo que não podíamos todos juntos ter feito homenagem melhor. A família era o seu bem mais precioso. Gostava de ver todo mundo junto no domingo, ficava preocupado quando chovia e alguém ainda não estava em casa. Queria saber que dias eu teria "eventos" e que horas voltaria..."Ah, Itaipava é muito longe, você vai fazer seus pais ficarem acordados até você voltar?"
Enfim, sem que eu me desse conta, acho que passamos um dia juntos e sossegados como ele gostaria de ter passado. Nada mais em paz, nada mais comum, nada mais simples.

Na volta paramos numa confeitaria e justo a dona da confeitaria era amiga do meu avô. Reconheceu a vó, achou meu tio parecido com ele. Todo mundo gostava dele, todos sentem muito e dizem que sentem falta. Aí fiquei sabendo que o meu avô tinha ajudado muito um parente, acho que o marido, daquela dona. E é sempre assim...cidade pequena...a gente vai aos lugares, aí ouve uma história de alguém que ele ajudou ou de alguma grande brincadeira que ele tenha feito na época da Bohemia. E assim a vida dele continua pra mim, presente nos frutos das ações. Grande lição.



tava rolando um bailinho no fim do dia no tal clube...fiquei jogando serpentinas, depois reparando nelas; ô coisa social, essa serpentina. Você joga, não desenrola tudo, outra pessoa pega, joga o resto...uma criança passa puxa o fio e ninguém é dono da tirinha de papel.

Um comentário:

vini disse...

gosto do seu minimalismo. Ganhou olhos de poeta!